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Bordados Tradicionais Portugueses

Bordados

Bordados e rendas são uma Tradição Portuguesa em várias regiões do país. 
Os bordados, são figuras e desenhos criados manualmente ou de forma mecânica num tecido, com a utilização de vários tipos de instrumentos, como: agulhas, fios compostos em seda, lã, algodão, linho, metal,etc., de modo que o uso destes fios, resulte na composição desejada.
Os bordados tradicionais portugueses evidenciam-se pelos materiais usados, pelas técnicas utilizadas e também nas bases onde assentam os bordados.
Muitos dos pontos utilizados nos bordados em Portugal deram entrada no país, no tempo dos descobrimentos, através de reproduções que nos chegavam do exterior. Posteriormente, as várias regiões que os adotaram deram-lhes uma marca muita própria e exclusiva, resultando com isso um cunho característico dessa localidade. Temos como exemplo os bordados de Viana do Castelo ou da Ilha da Madeira, entre tantos outros.


Em determinadas ocasiões, o bordado representa a classe social de quem o usa no seu vestuário, espelhando não raramente o seu estilo e sensibilidade.
O bordado é uma arte têxtil que documenta e evidencia não apenas os desejos das demandas da época, mas igualmente o gosto da bordadeira.
Ao longo dos tempos e desde sempre desempenhou um papel significativo na economia local, apesar dos condicionalismos que a indisponibilidade de determinadas matérias primas pudesse ocasionar.

Bordados – Eruditos e Populares

Os bordados eruditos revelam a ascendência de diferentes épocas artísticas dos países que lhe dão a origem. Neste tipo de bordados favoreceu-se o design em prejuízo da técnica que passou para um plano secundário. Nos bordados populares pelo contrário, privilegia-se a técnica e as composições tradicionais, espelhando a personalidade regional e as suas raízes ao longo das épocas.

Bordados – Tapetes de Arraiolos

São também bordados os famosos Tapetes de Arraiolos, tapetes destinados ao chão e bordados em lã sobre uma tela de estopa, originários da vila alentejana que lhes dá o nome. [a]



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Bordados Tradicionais Portugueses

  
BORDADO DAS CALDAS DA RAINHA

O bordado das Caldas da Rainha é típico da região Oeste de Portugal, da zona das Caldas da Rainha.

Este bordado teve origem no tempo da monarquia, tendo sido criado pela Rainha D. Leonor (1458-1525) e pelas suas aias nas temporadas, que passavam nesta terra.

As senhoras inspiravam-se nos bordados vindos da Índia e ocupavam muito do seu tempo criando e ensinando este lavor.

Os primeiros bordados eram executados com fios de linho tingidos em tons de castanho dourado ou em tons de mel através das cozeduras de chás de casca de árvores e flor de carqueja. O bordado era feito sobre o linho grosso e ligeiramente cru ou sobre linho castanho dourado e bordado com branco.

Antigamente o bordado era feito numa só cor e os pontos mais utilizados eram os pontos de coroa, ponto grilhão, o pé de flor e o de cadeia.

Nos dias de hoje já se utilizam mais pontos, como o de formiga, o ponto ilhós e o ponto de recorte.

As diferenças existentes entre o bordado antigo e o mais moderno estão principalmente relacionados com os termos de composição, no antigo é mais floral, ao passo que no mais moderno predominam as volutas, as carinhas e os passarinhos.

 BORDADO DE TIBALDINHO
O bordado de Tibaldinho é caraterístico da região de Mangualde, na Beira Alta, zona norte do país. A origem do bordado de Tibaldinho remonta ao tempo em que a família real e a sua corte regressaram a Portugal, após a sua estadia no Brasil. A corte possuía um grande número de solares na zona de Mangualde, no distrito de Viseu, e também uma grande colecção de bragais. O desgaste das peças do património da nobreza, durante a sua ausência no Brasil, fez com que fosse necessário renovar e substituir as mesmas, aquando do seu regresso. Para tal foram contratadas bordadeiras da região, que refizeram assim os enxovais, criando um novo património têxtil.

O reconhecimento das peças elaboradas fez com que esta se tornar-se numa atividade relevante da região, contribuindo para o sustento das famílias. A importância que o bordado tinha na economia familiar está presente na lenda de que em Tibaldinho “até os homens bordavam”. No entanto, estes limitavam-se a facilitar a vida às mulheres para que estas pudessem bordar mais.

Este bordado é harmonioso e simples, sendo predominantemente branco. Isto deve-se ao facto das peças em causa se tratarem de roupa de casa e de antigamente se associar o branco à limpeza, higiene, pureza, honestidade e virtude.

Alguns dos motivos desenhados são baseados no tema Amor, utilizando o enleio, série de ilhós, borbotos, cordão em espiral, estrelas, corações, folhas de carvalho, óculos preenchidos com aranhas e um original crivo tecido pelo avesso. Este tipo de bordado adorna toalhas, roupa de cama, aventais entre outros artigos de decoração do lar.

O linho de produção local é, desde há séculos, utilizado neste tipo de bordado. Na sua técnica utiliza-se muitos pontos abertos e cheios, o que confere a estes trabalhos alguma transparência. Os pontos mais utilizados são os ilhós, borbotos ou nozinhos, o ponto espinhado ou de espinha de cobra, o pompom, de cordão ou lançado, caseado ou de recorte e os crivos.

 BORDADO DE GUIMARÃES
Este bordado é proveniente de Guimarães cidade histórica, do berço do país, local onde habitava o Duque de Bragança e a burguesia.
Os bordados eram tradicionalmente feitos por homens habilidosos, e por mulheres que na maioria faziam parte da família dos bordadores. Era considerada uma arte exigente e digna da burguesia, onde se aprendia desde muito cedo, até se tornarem mestres do saber.

Estes bordados vestiam gentes da nobreza e do clero que exibiam as suas luxuosas vestes muitas vezes bordadas com ouro. Altamente exigentes, as encomendas obedeciam a um rigoroso padrão de qualidade e beleza, o que levava os bordadores a uma constante evolução nas ideias e no próprio desenho do bordado.

Os tempos foram mudando e a ostentação das luxuosas vestes caíram em total desuso, assim como os bordados passaram a ser criados por mãos apenas femininas, das classes mais ricas, que o laboravam em horas de lazer e convívio.

Mais tarde, depois da revolução francesa, surgiu o bordado a branco que, se enquadrava no novo espírito do império neoclássico e o romântico. Com a industrialização e o ensino público feminino, o bordado, sempre ligado á região, e à economia local, passou a ser alvo de negócio que as mulheres dominavam trabalhando em fábricas, ou em casa.

Os bordados de Guimarães seguiam uma linha uniforme e geométrica, com grandes volumes de linha, e de uma cor só em cada bordado, mas diferentes cores podiam ser usadas individualmente, como o azul, vermelho, branco, beige, e o cinza.

Atualmente, são realizados em pano de linho industrial ou caseiro e os desenhos são baseados na fauna e flora locais: silvas, passarinhos, flores, estrelas, cercaduras, laços, entre outros. 

 BORDADO DE CASTELO BRANCO
O Bordado tradicional de Castelo Branco, é um dos bordados caraterísticos da zona centro do país, designado noutros tempos por “Bordado a Frouxo”, é um produto típico da região de Castelo Branco e carateriza-se por um desenho muito próprio e uma simbologia muito especial.

Surge essencialmente em colchas de linho bordadas com fios de seda natural, tingidos de diversas cores e tonalidades, conferindo uma grande harmonia sobre os panos de linho cru.

Os desenhos e cores utilizados nas Colchas de Noivado têm a inspiração trazida das colchas orientais da Índia, por altura dos descobrimentos.

Neste tipo de bordado utilizam-se vários pontos, como o ponto de cadeia ou o ponto pé de flor. O ponto que ganhou o nome da cidade e que deu também origem a um dos nomes deste bordado foi o “ponto a frouxo”, que cobre maiores extensões, o caule ou as raízes da árvore da vida.

Em relação à simbologia existente nestas colchas, os elementos mais vistos são:

· O lar representado pela árvore da vida;

· Os pássaros que representam os desposados;

· O homem e a mulher representados respetivamente pelo cravo e pela rosa;

· Os lírios que mostram a virtude;

· Os corações, que significavam o amor. 

 BORDADO DE VIANA
O bordado de Viana é muito conhecido, é típico da Região do Minho, a norte de Portugal.

Este bordado tem a sua origem nas camponesas da região do Minho que valorizavam os objectos de uso pessoal e diário com bordados de motivos de inspiração campestre e romântica, como as flores, as folhas e os corações. Os bordados são principalmente aplicados nos trajes e nas toalhas de mesa.

Em períodos mais difíceis, a produção destes bordados permitiu garantir o sustento das famílias.

Na base dos bordados utiliza-se sempre linho grosso caseiro. As linhas de algodão são utilizadas nos bordados de algodão. As cores mais utilizadas são o branco, o vermelho e o azul. Nas peças de vestuário o leque de cores é maior utilizando-se também o amarelo, o laranja, o verde e o roxo. Outro material utilizado é um cordão de fios dourados que serve para contornar os desenhos dando-lhe mais realce.

Os bordados com fio de algodão utilizam os pontos abertos, de cadeia, caseados, cheio, cordão, crivo, cruz, engradeado, espinha de peixe dobrado, folha de feto, formiga simples, nozinho, pé de flor, pesponto, atrás, pontinha a direito, pontinhos pequenos, rede, volta, pregas da imprensa, bicos e de galo.

Nos bordados com fios de lã não se emprega o crivo. Os desenhos são cheios com pontos largos lançados na mesma direcção e contíguos. Os pontos mais utilizados são o de pé de flor, o ponto russo, de sombra do avesso, de cordão, de palhete, de formiga, de nós, de espinha, de bicos entre outros pontos de fantasia.

Estes trajes são hoje em dia usados principalmente em festas, feiras e por grupos de danças tradicionais. Nestes bordados são muitas vezes adicionados objectos de ouro, tais como cordões ou medalhas, que representam o dote das raparigas para casar.

 BORDADO DA PALHA – AÇORES
O Bordado da Palha é caraterístico da ilha do Faial no arquipélago dos Açores. A sua origem é contada pela história de uma emigrante inglesa em 1850, que apareceu na ilha e usava um chapéu de seda bordado a palha, que terá impressionado uma habitante local que se dedicou a descobrir a forma de bordar com a palha.

Esta nova técnica foi-se expandido entre a comunidade uma vez que também utilizava materiais pouco dispendiosos e fáceis de encontrar: a agulha, um pedaço de tule e alguma palha.

Os trabalhos iniciais eram essencialmente véus, mas no decorrer do tempo foram também sido realizados em estolas e vestidos.

Os motivos bordados têm uma ligação aos elementos naturais da região, assim os desenhos são geralmente espigas, cachos de uvas e pequenas flores.

Fruto da relação próxima do arquipélago com o continente americano, a fama deste bordado foi-se espalhando, tendo já feito parte do guarda roupa de mulheres muito famosas, como Jacqueline Kennedy.

 BORDADOS DE NISA
O bordado de Niza é dos bordados típicos da região sul do país.

A história dos bordados de Nisa, tem origem na dedicação feminina de preparação das peças para o enxoval. A realização destas peças era tanto para uso próprio como também para venda e assim uma forma de sustento.

Desta região são reconhecidos vários géneros de bordados:

 - os Alinhavados, ou também conhecidos como desfilados são realizados em pano de linho ou pano cru, onde são retirados fios da trama do pano, por forma a ficar em aberto o fundo do desenho, e os restantes fios são guarnecidos a ponto de crivo. Os desenhos tradicionais eram figuras humanas, animais, cruzes, formas geométricas, florões, flores e folhas. A sua aplicação é variada, feita em almofadas, toalhas de mesa, lençois, colchas entre outros.

 - Coberjões ou Cobertores Bordados, são elaborados em feltro preto ou branco e bordados à mão com fios matizados. Na sua confeção são utilizados o ponto de fio torcido ou pé de flor, o ponto cheio e os nozinhos, que tal como as cores, são usados consoante o gosto e a sensibilidade artística do executante. Depois de terminado, é feito um caseado em toda a volta do cobertor por forma a rematá-lo.

Com a utilização de uma técnica semelhante à dos cobertores também se destacam os Xailes do traje tradional de Nisa.

 - Aplicações em feltro, são também muito conhecidas, pois são aplicadas numa variedade grande de peças: cobertores de faixa, almofadões, saias de camilha, centros de mesa, pegas de cozinha, casacos, e capas. São realizados com  duas partes de feltro de cores diferentes sobrepostas com  papel vegetal, onde se encontra o desenho, e que depois de cosidas se recorta cuidadosamente o tecido à volta do ponto e obtendo-se uma peça com relevo. Os motivos mais frequentes dos desenhos são as flores, as parras, folhas, cachos de uvas e outros relativos à flora local.

 BORDADO DE ÓBIDOS
O bordado de Óbidos é típico da região Oeste de Portugal, da zona das Caldas da Rainha.
O bordado de Óbidos tem origem na década de 50, quando uma senhora, Maria Adelaide Baptista Ribeirete, ao ficar encantada com a originalidade do teto da igreja acabou por copiar os seus desenhos, adaptando-os em bordados, cujas técnicas transmitiu às outras mulheres da vila. Em tempos de dificuldade as mulheres de Óbidos bordavam e vendiam os trabalhos produzidos e com o produto das vendas conseguiam reorganizar as suas vidas. [b]

Fonte:
Tradição Portuguesa [a]
Bordados Tradicionais Portugueses [b]

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